sábado, abril 15, 2006


OutRun 2006: Coast to Coast
(Xbox, PS2, PSP, PC, etc, etc)

O único produto oficial Ferrari que não faz de você um cara mais bonito!


Ah, os anos 80! A Sega lançou tanta coisa boa naquela época que ainda vive (quase que exclusivamente) delas. OutRun engrossa a lista de jogos imorríveis. Aliás, tirando as pitadas de tosqueira e mau-gosto peculiar, é um jogo de corrida muito bom.

Antes de começar a descer o cacete neste jogo (sim, eu vou fazer isso!) e ser caçado eternamente pela Santa Inquisição dos Fanboys Seguistas, já vou avisando: OutRun 2006 é um jogo muito bom! Está longe de ser uma obra-prima, mas é muito legal. A proposta é boa, existe desafio, o jogo é bonito graficamente, o som é legal, os controles ajudam, mas a Sega parece que anda mais preocupada em criar coisas “freaks” para servirem de extras em ressurreições de jogos que com a qualidade dos mesmos.

Enfim, vou alternando os pontos fortes e os tomates:

- Coast to Coast (???): Enfim, que “costas” são estas? Você passa por cenários com a Torre Eifel, bases de lançamento de foguetes, o Grand Canyon, florestas tropicais, neve, pirâmides egípcias e incas... os EUA é que não são! Mas, enfim, tem coisa mais anos 80 que confusão geográfica? Eram duas Alemanhas, uma URSS, existia Tchecoslováquia... é tudo parte do clima, saca?

- Personagens: Você foi até a loja e comprou seu OutRun 2006: Coast to Coast. É um jogo de corrida, certo? Você sabia disso! E qual é a coisa mais inusitada de se encontrar num jogo de corrida? Personagens! Acredito que, na tentativa de “humanizar” OutRun e torná-lo mais atraente ao público, a Sega criou “personagens” para o jogo. Você, o piloto das Ferraris, é o metrossexual Alberto, que tem duas namoradas loiras: Jennifer e Clarissa. Ainda há o seu “sensei automobilístico”, uma mistura gay de Super Mario e Sr. Miyagi, um gordinho que dá a bandeirada desde o primeiro OutRun, de nome Flagman (criativo pacas!).


Será que os três vão no mesmo esteticista?

- Física? Que física?: Que fique claro que este jogo não é nada realístico, e que realismo não tem nada à ver com diversão. O jogo é muito divertido, mas a física envolvida é absolutamente inexistente. Explico: O fato de bater num carro nunca vai ocasionar um desastre para você, mas vai dar vantagem ao seu rival, catapultando seus carros lááá na frente, mesmo que seja um acidente feio onde o carro dele saiu voando ou girando. Mas, bater no guard-rail vai mandar você longe. Outra curiosidade: Ralar os carros rivais lateralmente, geralmente, ocasiona uma aceleração (???) violenta neles, fazendo com que você coma poeira. Enfim, não tente intercalar com partidas de Burnout, ou você vai ter problemas!

- Músicas: Um dos pontos fortes do jogo, as músicas estão ótimas. Quer dizer, quase todas! Existem versões originais das músicas dos OutRuns de 1986 (Master System) e 1989 (Genesis), versões remixadas, algumas novas, que também são muito legais. Além destas, o jogo conta com maus duas faixas breguíssimas, cantadas: Night Flight e Life Was a Bore (título deveras sugestivo!). Na boa, uma vez eu coloquei no “random play” enquanto jogava e entrou uma das duas. Juro que eu parei o jogo e reiniciei. São horríveis! Medonhas! Tenebrosas! Corram por suas vidas! De resto, tirando estas duas “pérolas”, as outras todas são muito boas. Uma coisa que eu não consigo entender: Os caras da Sega gastam uma fortuna para fazer do jogo um produto oficial Ferrari e não desembolsam uma graninha para comprar uma meia-dúzia de faixas licenciadas de música! Isso porque eles tem um monte de “anunciantes” fortes no jogo (que podem ser vistos nos outdoors da pista), como Shell, AMD, Bridgestone, etc. Já que eles queriam tanto músicas cantadas, custava pegar mais uns dois ou três anunciantes e pagar artistas (e não pipoqueiros) para fazê-las? Tirem o escorpião do bolso! Ficou tão bom em Crazy Taxi! Por que não repetir a fórmula?



Cenários de babar e os "drifts", uma das coisas mais legais do jogo.

- Cenário “inflável”: O cenário é lindo. De fato, me disseram que não está tão bonito quanto o jogo anterior, que saiu para Xbox, mas eu achei fantástico. A praia, o canyon, a cidade, a neve, é tudo muito bem-feito, muitíssimo bem-acabado. Você vai correndo por ele, até que vem a famosa “bifurcação”... e é possível ver o próximo cenário crescendo feito pão no forno, na sua frente. Sim, é bem estranho! As partes maiores do cenário (montanhas, prédios, torres) parecem ser “infladas” conforme você vai entrando neles. Graficamente, o efeito é esquisitíssimo. O pessoal da Sega deve ter ficado com preguiça de pensar em algo melhor, ou, ainda, resolveram lançar logo o jogo para não ter que mudar o nome para “OutRun 2007”.

- Ferraris: Os carros estão perfeitos, até o som dos motores foi gravado dos carros reais, mas eu notei pouca diferença de um para outro. Digo, há diferença sim, mas “um” ou “dois” pontos nas tabelas que são exibidas não mostram qualquer mudança no desempenho. Ah sim, e se antigamente haviam poucas opções, agora são treze Ferraris, com dezenas de opções de cores, e modelos “Standard” e “OutRun”. Não dá para “tunar”, mas isto aqui não é Gran Turismo nem Need for Speed!

- Pegou, já era: O jogo simplesmente não deixa você trocar de carro e de música quando uma missão falha, o que é deveras idiota. Se você falhou, vai querer tentar com outro carro. Como algumas missões são longas, você provavelmente já está de saco cheio da música quando ela terminar, preferindo trocar também. Mas não, amigo, não pode! Para trocar o carro e a música é necessário sair da missão e começar tudo de novo.

- Jogabilidade: O valor de replayability cresceu muito em relação aos outros OutRuns. Afinal, aqui tem uma lojinha, onde você pode gastar suas “milhas” em coisas como carros, músicas, cores novas, novas missões, etc. O modo OutrRun2 SP fica idêntico ao do arcade. Há, também, o modo “Heart Attack”, que é esquisitão, mas divertido. Nele, fica provado que a principal função de um carrão esportivo é impressionar mulheres – mesmo que seja se desviando de meteoros que caem na pista, evitando ser abduzido ou cortando uma “linha imaginária” entre dois carros. O que isso tem à ver com um jogo de corrida? Não sei, pergunta para o pessoal da Sega. Pode ser divertido, mas é de um mau gosto singular...




"Meu outro namorado corre no Burnout, portanto, HIT THE CARS!!!"

Conclusão: OutRun 2006 é um joguinho de corrida bem interessante. Muito divertido, porém, com alguns problemas sérios. Bonito, mas nem chega aos pés dos jogos de corrida da atualidade. Tem pontos fortíssimos e tropeços severos de design. Vale muito pelo fator “nostalgia”, mas, se você quer um jogo de corrida de verdade, sem mini-games toscos, esqueça. Ele é uma continuação descompromissada do clássico dos arcades. Aliás, talvez seja descompromissada até demais, o que acabou por ocasionar tais defeitos. Se você é um fã do clássico, este jogo é para você. Se você é um fã de jogos de corrida, vai estranhar algumas coisas, mas vai sentir que o jogo diverte. Se não é nem um nem outro, siga a dica da MTV e vá ler um livro!

3 comentários:

SauloSan disse...

Eu gostei do Outrun 2006 como passatempo, nothing more...

É legal entrar de lago em uma curva dando um drift a 250km/h!! O jogo deve ser patrocinado pela Super Bonder, seu carro nunca, mas nunca sai do chão!!

As músicas irritam com 20 minutos, mesmo as clássicas. Deveria ser possível utilizar o modo de random music a cada etapa de uma missão. Se a missão tem 4 etapas, ponha no mudo e ligue o som do seu quarto.

Eu achei legal a geografia fuzzy do jogo!! Em 5 minutos eu estou no Egito, pego uma bifurcação e vejo um moai da ilha de páscoa e em seguida estou em Paris!!

O Heart Attack é maneiro também. Nonsense, mas pelo menos alguém fez alguma coisa inédita em jogos de corrida. No Outrun 2 de Arcade, o que eu mais vejo é o pessoal jogando o Heart Attack.

Não é um jogo excelente, mas comparado ao que a SEGA veio fazendo desde(o tosco) Shinobi de Play2 pra cá, Outrun 2006 é uma obra prima!


P.S. Eu tava escrevendo um review desse jogo, mas o baitola do Agripas não me inscreveu no Blog a tempo... Mas faço minhas as suas palavras, com pouquíssimas exceções...

SauloSan disse...

Outro detalhe q lembrei agora e que influencia na jogabilidade:

Não existe botão pra olhar pra trás! Não há como saber se o oponente está na sua cola, a não ser pelo gráfico no topo da tela, que ajuda muito pouco...

laranjatomate disse...

Achei meio machista, apesar de curtir o Heart Attack mode. Poderia ter um Flower Attack Mode onde Alberto é que pediria as gracinhas para uma das negas dele.