quarta-feira, setembro 27, 2006

FILHOS BASTARDOS!

a.k.a: "Não passa de uma cópia fiel de X"

Novidade? Hah! Agora conta a do papagaio!

Hype! Essa é a palavra-chave de muitas empresas para venderem até racharem os cofres. Quanto mais hype, melhor. Quanto mais hypeado (neologismo escroto, eu sei, mas danem-se os puristas!), mais a molecada vai querer ter em casa, e isso é ótimo para o bolso dos empresários. E quantas vezes já não vimos "novidades" que não eram tão "novas" assim? E quantos "clássicos" não são meras roupagens de jogos antigos? E quantas vezes ainda veremos isso acontecer? Qual será a nova tendência dos jogos da geração atual? Estas e outras perguntas NÃO serão respondidas aqui! Este é um artigo para destacar apenas e tão somente a capacidade de reciclagem e recriação de títulos já feitos.

Vamos, então, à lista de filhos-bastardos dos jogos do passado:


Pai: Berzerk
Filho: Quake

Essa comparação começou não com uma piada, mas no dia em que eu achei na Internet, para download, um mod de Quake (acho que era o 1 ou 2) que transformava o jogo em uma versão 3D de Berzerk, ridiculamente rápida e mais interessante que o jogo original.

Em outras palavras: Você está num labirinto, cercado de inimigos por todos os lados e tem que abrir caminho na base do tiro. Tire uma dimensão da equação e você transforma Quake em Berzerk. Não tem como se tornar outra coisa.

É certo que Berzerk é um jogo BEM simples, cheio de limitações, e que em certos aspectos Quake é BEM mais fácil (as paredes não te matam, não tem a carinha saltitante que te persegue, montes de armas poderosas disponíveis), e o modo multiplayer não existe no jogo-pai. Mas, também, não dá para negar que uma idéia originou a outra.

Quem falar que "Berzerk" teve outro filho antes e que este filho é Wolfenstein 3D... está errado! Wolf 3D é filho de um outro jogo, chamado "Castle Wolfenstein" que existia para Apple II. Era um jogo similar a Berzerk (!!!), só que com alguns elementos mais sofisticados e até voz sintetizada. O fato de ambos serem parecidos é mais um mistério que não será respondido aqui.

Pai: Montezuma´s Revenge
Filho: Tomb Raider

Apenas para deixar claro: Sim, Pitfall é legal, eu joguei muito, mas não tem muito à ver com Tomb Raider. O tema é parecido, mas o que mais me fez traçar um paralelo entre os dois jogos foi as seqüências de salas, a dificuldade desumana em certas partes, e o fato da protagonista estar invadindo uma tumba em busca de tesouros, que é a mesma coisa que o mexicano baixinho estava fazendo.

Reduza uma dimensão, guarde as devidas proporções e limitações de hardware, tire todo o sex-appeal do jogo e pronto. Claro que muitos jogadores mal sabem do que se trata Tomb Raider e compram o jogo apenas para admirar as formas avantajadas da personagem (fazer o que... o jogo é seu, você faz o que quiser com ele), mas sim, ele vale uma boa jogada. Outro ponto que aproxima muito os dois títulos é o fato de que o controle de ambos é um LIXO, e é o que vai acabar matando você na maioria das vezes. A câmera de Tomb Raider também não ajuda muito, mas a de Montezuma´s está sempre no lugar certo (parada!).

O próprio Montezuma´s teve vários outros filhos, tantos que fica até difícil enumerar aqui. Mas o que mais se aproxima, dado o grau de dificuldade e a podridão da interface de controle é Tomb Raider. Digamos que Tomb Raider é uma mistura de Montezumas com Playboy Mansion - agradando, assim, à dois públicos diferentes.

Pai: F1 Spirit
Filho: Gran Turismo

Você é um piloto. Corre em várias categorias. Seu carro é customizável. O jogo é grande, difícil e cheio de peculiaridades. O ideal é criar um carro perfeito para o seu estilo de direção, de forma a permitir que você consiga boas colocações e suba de uma categoria para outra.

A descrição serve tão perfeitamente para Gran Turismo, sucesso da Sony desde o Playstation 1, quanto para seu pai (ou seria avô?) F1 Spirit. As semelhanças são tão grandes que chegam a ser ridículas. A grande brincadeira, em ambos, é mexer no carro e testá-lo nas pistas, coisa que – diga-se de passagem – não tem como dizer que não foi chupinhada. Toda a "cara", o formato do jogo criado na década de 80 foi aplicado em 3D no megahit dos 32 bits. Alguém na Sony deve ter dito "Ei, que tal fazer um F1 Spirit 3D de verdade, e não aquela porcaria que saiu pra MSX 2+?" e foi muito feliz na opinião.

Um dos fatores mais relevantes em ambos os jogos é o tamanho. Ambos necessitam de horas e horas (... e horas!) para que a diversão se esgote. Gran Turismo, no entanto, tem algo que eu acho intragável: Aquela coisa de ficar tirando carta de motorista. Que coisa chata! Fazer isso na vida real já não foi divertido, quem dirá repetir a experiência por "diversão". Outra coisa irrmediavelmente chata é que muitas versões de Gran Turismo tem um controle simplesmente terrível, e a desculpa de o jogo ter sido desenvolvido no começo da era 32 bits, pois a porcaria do controle nas versões de PS2 também está presente.

Pai: Road Fighter
Filho: Burnout Revenge

A corrida aqui é um pouco diferente. Você tem um carro praticamente invulnerável, e seu objetivo é jogar todo mundo pra fora da pista. Quanto mais gente, mais pontos, melhor! Idem acima. Burnout é um Road Fighter 3D.

Pai: Yie-Ar Kung Fu
Filho: Tekken

Sejamos sinceros: Street Fighter é moleza! Claro, cheio de poderes que pegam de longe! Bom mesmo era sentar porrada no adversário em "close-range", com as mãos e os pés. E tudo isso começou em Yie-Ar Kung Fu. Os inimigos tem estilos bem-definidos, pontos fortes e fracos e estratégias para derrotá-los.

Ainda que só haja um personagem para seleção, a variedade de golpes é enorme para um jogo 8 bits, tal e qual Tekken, o filhote tardio de Yie-Ar Kung Fu. Só com tempo de treino razoável é possível dominar tudo o que o personagem faz, característica presente em ambos.

Há quem faça comparações entre Yie-Ar Kung Fu e Street Fighter. Eu discordo. Talvez, se levado em consideração o primeiro Street Fighter (não, a série não começou no Street Fighter II). O segundo, que fez um sucesso absurdo, era interessante como jogo para dois jogadores e talvez não fosse tão interessante assim para se jogar sozinho, além de ter vários personagens e uma tonelada de poderes apelões que, se repetidos infinitamente, faziam com que você chegasse ao fim bem facilmente. Yie-Ar Kung Fu era um jogo onde era necessário variar os movimentos, muito mais parecido com Tekken e Virtua Fighter e outros.


Pai: Black Tiger
Filho: God of War

Ora, ora… francamente! Quem acha que um cara com uma corrente descendo porrada em um bando de inimigos em um labirinto com multi-scroll, cheio de puzzles e chefes grandões é novidade? Certamente, alguém que nunca jogou Black Tiger, um dos melhores jogos de todos os tempos. Sim, Black Tiger também tem opções para melhorar a arma e a armadura, comprar itens, milhões de armadilhas, easter-eggs, e tudo o que um grande coin-up merece.

O background de Kratos, obviamente, é muito mais denso que o do protagonista de Black Tiger (que nem nome tem!), e vem contado em uma longa e dramática abertura e várias outras seqüências animadas durante o jogo, coisa que praticamente inexiste em seu papai. Mas a música, cenário, tema, inimigos, é tudo muito, mas muito similar.

Black Tiger ainda teve mais um "filho bastardo" por assim dizer, que é o jogo "Magic Sword", que saiu para arcade e SNES. A trilha sonora, cenários, elementos em geral, são bem reconhecíveis. Prova de que um bom jogo de capa-e-espada nunca sai de moda...


Pai: Metal Gear
Filho: Metal Gear Solid

Metal Gear filho de... Metal Gear? Sim! E não é?

Ok, chegou a hora de defender a geração 3D. Alguns jogos, apesar de serem clássicos, foram lançados em formatos ridículos por não existir tecnologia de aceleração gráfica. A série Metal Gear Solid é filha dos Metal Gears bidimensionais sim, mas, quem é capaz de dizer que não ficou muito melhor? Há um certo charme em ficar se escondendo atrás de caixinhas e andando em oito direções... mas o jogo, no próprio conceito dele, carecia de um ambiente tridimensional para transmitir a sensação de "invasão" de uma base high-tech.

Além de todas as vantagens de se ter um espaço tridimensional para explorar, a nova série permitiu contar muito mais a história do jogo, com filminhos hollywoodianos (às vezes exageradamente grandes) e "easter-eggs" bacanas (como os cartazes nos armários dos soldados, dentre vários outros). Convenhamos: Metal Gear antigo era legal, mas, em certos momentos, era totalmente surreal poder ver o ambiente todo "de cima", sendo que a própria limitação da visão do personagem num ambiente 3D é parte da dificuldade, e, também, da diversão.

Metal Gear teve alguns outros filhotes, ainda na era 8 e 16 bits, mas nenhum que valha à pena ser citado. Um jogo que eu costumo classificar como "Metal Gear Side-Scroller" é Bionic Commando, da Capcom (NES, Gameboy, esqueça a versão arcade), jogo nota 11 cujo plot, por incrível que pareça, se assemelha muito ao do clássico da Konami.

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