terça-feira, novembro 04, 2008

Thunderforce VI (PS2), Sega 2008

Vou começar este review dizendo que, diferente da maioria, eu não criei grandes expectativas sobre Thunderforce VI. É uma série boa, joguei muito, mas foi o tipo de coisa que, para mim, ficou no Mega Drive. Sim, Thunderforce V é um jogão, tanto para PSX como para Saturn (a versão de Saturn é um pouco melhor, embora as duas sejam bem parecidas), mas não ganhou tanto destaque na época pois já haviam jogos de peso no mercado, para a mesma geração, que acabaram por ofuscá-lo um bocado, como Raystorm, Gradius Gaiden, Terra Diver, Battle Garegga, Radiant Silvergun e R-Type Delta.
É óbvio que eu fiquei feliz por saber que sairia mais um Thunderforce, que já era esperado para Dreamcast (e não sei não se este é o jogo que iria sair para o último console da Sega!). Claro que lançar um jogo para PS2 em pleno fim de 2008, com uma geração seguinte totalmente instalada e operacional, é algo que parece meio absurdo... mas, enfim, estamos falando da Sega, que é uma empresa que não é muito chegada à lógica. Aliás, uma pena que a Technosoft tenha passado a franquia para as outros. Não vou criticar aleatoriamente os jogos lançados pela Sega, sei que ela teve um passado excelente e que está devendo bons jogos ao mercado ultimamente (vide Golden Axe - Beast Rider, Yakuza 2 e Iron Man, que são fraquinhos). Infelizmente não posso dizer que com Thunderforce VI eles "limparam o bom nome da empresa". O jogo tem algumas boas sacadas, mas não passa de um shmup mediano, curto, e que não deve impressionar ninguém além dos fanboys da série.

A tradicional fase do mar, que existe desde TF III, com direito a serpente marinha e tudo.

O jogo conta com um sistema onde você mata os inimigos e absorve bolinhas de energia que eles deixam. Estas bolinhas enchem os seis slots de over weapon que ficam embaixo da tela. A over weapon é uma versão "super tuchão" de uma de suas armas normais, ou seja, o tiro pra trás fica mais forte, ou o tiro homing, ou o wave, por um certo tempo, enquanto a barrinha de over weapon durar ativa. É possível ativar até três níveis de over weapon ao mesmo tempo, causando um estrago enorme e detonando até os bosses mais chatos em pouquissimo tempo. As armas estão um pouco diferentes do normal, algumas mais fracas, outras mais fortes.

Range Gun, presente desde TF V. Era mais forte, mas, também, o jogo era mais difícil...

As fases são irremediavelmente curtas. O jogo, como um todo, é curto demais. Dá a impressão que a equipe de produção foi paga para fazer uma demo, aí adaptaram a demo para virar um jogo completo e era isso. Dá para acabar sem muito esforço em uma hora, senão menos. A ação continua rápida e furiosa, ponto alto da série, e o jogo todo acompanha o estilo dos Thunderforce anteriores, mas, infelizmente, não posso dizer que este jogo satisfaça as necessidades de ninguém. Em termos de cinema, imagine que você está esperando por um filme épico de três horas e a produtora te dá um quase-épico em curta-metragem. É essa a sensação.

Tudo culpa do Halls Extra-Forte!

Uma coisa que eu estranhei foi o fato de não se perder as armas quando a nave é destruída. Nos jogos anteriores, a nave começa com dois tiros básicos e pode ganhar ate mais três. Todas as armas estão presentes na primeira nave que você pega no começo do jogo, e elas não somem quando você morre. No entanto, ao acabar o jogo três vezes (o que não é nada difícil e nem demora), você abre as outras duas naves dos Thunderforce anteriores. Com a Rynex, nave original da série, a jogabilidade volta ao normal (fazendo você perder as armas), inclusive as armas originais voltam à cena, exatamente como em Thunderforce III e IV. A terceira nave (Sirynx) é um híbrido entre a nave do jogo novo e dos antigos, mas também não perde as armas.

Vamos, então, aos números de Thunderforce VI:

Gráficos: 7.5

O jogo é bem-acabado. Tem efeitos de luzes e texturas boas, os inimigos são criativos e os cenários também. Há um problema sério quando a câmera muda de ângulo em pleno vôo, estragando totalmente a orientação do jogador e surgem slowdowns em toda grande explosão. Fora isso, o gráfico não apresenta problemas. Está bonito, moderno, melhor em alguns pontos, pior em outros, mas digno do PS2.

Som: 7.5

Thunderforce sempre teve uma trilha sonora excelente, e este aqui não foi exceção. Não está tão boa quanto os anteriores, mas não faz feio. Gostei muito das versões de guitarra das trilhas dos jogos anteriores, que aparecem na fase 5, no duelo contra as outras Vasteel. As músicase os efeitos estão compatíveis com o esperado. Bem-feitas, tudo no devido lugar, seguindo o padrão de sempre.

Desafio: 2

Thunderforce é altamente recomendado para quem é extremamente RUIM em shmups. Os inimigos só conseguem te matar quando te pegam de surpresa (tipo quando você entra pela primeira vez em uma fase). Os padrões de balas são previsíveis, as massas de inimigos são fáceis de serem detonadas e os chefes são uma piada. Com duas ou três cargas de over weapon qualquer um morre rapidinho, mesmo o Orn Emperor, o último chefe, que por sinal é mais fácil que alguns anteriores. Nos modos mais difíceis a quantidade de balas na tela aumenta, mas só isso. Como eu disse acima, é para acabar com um pé nas costas ou ideal para tentar jogar quando estiver meio bêbado.

Diversão: 4.5

Bonito, mas fácil e curto. Thunderforce VI é um belo "aquecimento" para quem está acostumado aos shmups tradicionais. Nem a história de terminar três vezes para abrir as outras naves cria um bom replayability, pois o jogo se esgota rapidamente. Não que não seja legal jogar essas três vezes, digamos, "em nome dos velhos tempos"... mas, sinceramente, podiam ter feito algo muito melhor. O jogo não é ruim como um todo. Só é muito menos do que qualquer um esperava. E olha que eu nem esperava muito...

Overall: 5.5

A melhor maneira de definir Thunderforce VI é como legalzinho. Não é ruim, é bem-acabado, mas era um projeto promissor que acabou virando um jogo curto, fácil e que se esgota rapidamente. Ideal para os "casual gamers" que estão na moda. Quem sabe se for lançado para o Wii venha a fazer algum sucesso: Não exige nada dos gráficos e o Wii é a casa dos casual games hoje em dia. Afinal, até uma criança de 5 anos, que é o público-alvo do console, consegue tranquilamente acabar Thunderforce VI.

- Pontos interessantes:

- Saiu Broken Thunder para PC, feito por fãs e que conseguiu me impressionar mais que TF VI.

- Por acaso eu acabei de ler "O Lobo das Planícies", de Conn Iggulden, romance histórico que conta a história de Genghis Kahn. Consequentemente, fiz alguma pesquisa sobre alguns fatos do livro e me deparei com a escrita dos mongóis. Por acaso, quando os chefes de TF VI aparecem, o nome deles aparece escrito em mongol, do lado direito da tela. Não entendi o porquê disso. Seriam os Orn (os vilões do jogo) "mongóis do espaço"? Ou será que foi só coisa que algum "mongol" da Sega colocou lá, à toa?

domingo, novembro 02, 2008

Tom Clancy's Endwar - RTS com comandos de voz

Acabei de passar umas horas bastante agradáveis tentando entender o suficiente do revolucionário Tom Clancy's Endwar no PS3 (também para Xbox 360) para poder postar impressões. O jogo será lançado semana que vem e uma demo foi liberada na semana passada na PSN e na Live, com uma missão tutorial e um "skirmish mode" - uma batalha solitária do tipo "capture the flags" para jogatina online ou single player.

Tenho acompanhado alguns vídeos do jogo há uns meses e de cara já percebi que o bicho seria um RTS simplificado, com três estilos básicos de unidades - infantaria, tanques e helicópteros, cada um com uma vantagem sobre o outro na assim chamada Combat Chain, um sistema papel-pedra-tesoura aonde os helicópteros vencem os tanques, os tanques vencem a infantaria e a infantaria (transportes, na verdade) vence os helicópteros.


Combat Chain

A simplificação faz sentido, pois a novidade revolucionária do jogo é poder comandar suas tropas 100% do tempo utilizando apenas comandos de voz. Funciona assim: você seleciona a unidade por número (Unit 1), o que ela vai fazer (Attack) e o que/aonde (Hostile 1) - o legal é que o jogo entende e até funciona melhor quando você fala a frase normalmente - Unit 1, attack hostile 1. Como em todo RTS, é possível agrupar as tropas com "Create Group" ou simplesmente "Unit 1 and Two, move to Foxtrot", ou ainda "Calling all Artillery, Attack Target".


Comandos de voz

Você pode sim passar 100% do jogo utilizando apenas ordens de voz para suas tropas e só tocar no controle para ajustar a visão da unidade selecionada com o direcional analógico. Esta função permite que você use a visão de sua tropa para simular as câmeras de um RTS tradicional. No PS3 você pode chacoalhar o controle para trazer um mapa 2D, encontrar um inimigo, levar a mira até ele e comandar "All Air Units, Attack Target".

Existe uma bela curva de aprendizado, pois é meio complicado para os marmanjos que passaram a vida toda micro-gerenciando cada aspecto de suas tropas entender um contexto aonde elas só obedecem às suas ordens gerais, utilizando seu melhor julgamento para cumprí-las e gritando por ajuda quando estão sob fogo inimigo. Mas eu gostei do esquema de controle, não é uma simples gambearra adaptada a uma interface de jogos normal, mas sim uma interface desenhada desde o princípio para isto.



É possível controlar tudo no jogo sem comandos de voz, mas é bem divertido berrar as ordens no headset e ver suas tropas em ação. É especialmente divertido ver a animação das tropas, ver as tropas entrando nos transportes, com os sargentos berrando "mexam-se, suas lesmas!" é bem legal. E você não é forçado a assistir, pois a qualquer momento é só berrar "Unit X, Camera!" para ter outra visão do combate. Ainda não achei o jogo fantástico, mas a versão final promete coisas muito interessantes para o modo online, como um modo World War III online persistente, sabe-se lá como isto vai funcionar. Até o momento, considere o jogo [BOM], se gosta de RTS pode baixar o demo sem medo.

Update: acabei de descobrir que o demo vem com pelo menos mais duas línguas, espanhol e francês, basta mudar a configuração de língua do videogame. Os comandos também são dados na língua escolhida, os soldados franceses devem ter achado horrível meu sotaque :-) Não há o português de Portugal. O demo possui um modo online bem simplório, que não permite a criação de salas privadas para jogar com os amigos, mas se alguém quiser tentar, meu PSN ID é Agripino.

Update 2: Estou subindo a classificação do jogo para [ÓTIMO], não consegui parar de jogar a solitária fase do demo, tentando achar uma estratégia que me leve a uma nota A. Talvez se eu mover minha artilharia para a posição Sierra logo no início da fase, para poder bombardear os uplinks Yankee e Delta ("Calling all artillery, move to Sierra!") ? Se alguém conseguir, me avise :-) Brr, estou ficando obcecado pelo jogo, damn you Ubisoft!

Update 3: É, obsessão. Eu esqueci de comentar aqui: mais do que um "gimmick", uma novidade pela novidade, cheguei à conclusão de que o comando de voz me faz ser mais veloz ao comandar as tropas do que com um jogo normal! Eu posso muito bem estar olhando a batalha do ponto de vista de uma unidade e ordenar suporte da artilharia sem tirar os olhos da tela do jogo por um instante, e na sequência já chamar todos os tanques para terminar o inimigo. É possível fazer tudo isto com o controle, mas são tantos menus a abrir que o uso de voz é a melhor opção!